quinta-feira, 4 de abril de 2013

Doces na caixinha

Curitiba, 2013

Num cruzamento movimentado do centro da cidade havia uma figura esquecida. Nas noites geladas de Curitiba, em meio a carros e pessoas apressadas para chegar em casa, havia uma senhora vestida de palhaço vendendo doces. O sinal fechava e a palhaça ia indo entre os carros. Uns fechavam o vidro, outros faziam que não com a cabeça. As crianças que voltavam da escola mostravam a palhaça aos seus pais que as ignoravam. O sorriso, com o tempo, sumia do rosto. Os doces se mantinham intocados dentro da caixa. Semáforo após semáforo, hora após hora, dia após dia... A maquiagem branca no rosto já não possuia o mesmo brilho, a mesma vivacidade. Até que um senhor para ao seu lado sorrindo com sua filha e pergunta o que tinha na caixa. Assustada, ela responde:
 - Pastilhas de Hortelã, Chicletes, Balas de Cereja.
 - Quanto são as Balas de Cereja?
 - É 50 centavos.
 - Acho que vou levar um. - Entregou a moeda a palhaça, e a menina quem pegou o pacote de balas da caixinha.
O senhor disse boa noite e saiu sorrindo. A palhaça esboçou um sorriso de volta, sussurrou um "Obrigada" e voltou à sua rotina triste e metódica. Algumas horas depois, a palhaça estava em casa em frente a um espelho retirando a maquiagem. O rosto da menina sorrindo voltou a sua mente. Uma lágrima lhe passou pelo rosto.