sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

f(x,y) = 0

Seja f uma função de duas variáveis a valores em IR² tal que para cada ponto no plano (x,y) exista uma imagem f(x,y) = 0.
Hoje, eu aprendi a gostar do zero. Zero, tal como na função acima, é um conjunto infinito de pontos, ou seja, por mais que eu escolha qualquer valor, meu resultado sempre será zero. Hoje eu aprendi a conviver com isso, soube que nem tudo que você quer será o você terá. Eu, agora, escolhi pelo zero, pelo anonimato. Hoje eu escolhi f(x,y) = 0.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Não Caia

Certa vez uma amiga me disse "não caia". Percebi naquele instante que tudo podia cair, porém, ao invés da Lei de Gravitação Universal, me veio a cabeça: "Alguém poderá me erguer?"
Meses se passaram: eu, eu vivia caindo. E queda após queda eu percebi que ninguém te ergue, todos te derrubam.
Meses se passaram: hoje eu me vi cair. Não havia mais amiga pra dizer "não caia", ainda assim, caí. Não sei se posso me levantar, ou se o chão sujo e frio é meu lugar. Não havia ninguém pra me derrubar, nenhum obstaculo para tropeçar. So havia eu, e o nada, e no fim, a sensação de que podia, de que devia haver algo ali. Nada. Você perseguiu seu sonho muito depressa, você conseguiu, você está sentado num apartamento frio, sem nada que possa te aquecer. O nada que já havia antes mesmo de existir. "Não caia."

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Cidade

"Espaço em contradição de ser. Ruas, avenidas, praças, traços verticais. Transeuntes uns, Josés e tais. Barulhos afins, faróis. Na esquina de um João Ninguém há mundos de papelão. Sujeitos e construções. Olhar pernas descobertas me desviam a atenção. Qualquer coisa pra dizer, ou não. Não há de salientar, não. O vento a fazer voar as penas, num bar ou qualquer lugar, num ônibus circular. Se a noite continuar, cidade vou te encontrar. E noite a madrugar manhãs escuras." (João Luis Braga / Luiz Gabriel Lopes)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Dois e Oitenta

Novamente as flores amarelas estavam naquela velha calçada remendada. Os garis varriam todas elas para um canto e, sem querer, destruíam toda aquela beleza constantemente pisada pelos pedestres apressados.
Mais um ano que estava ao fim. Mais uma vez em que Evaldo andava cabisbaixo, com outros hábitos, indo para outros lugares, mas nunca deixando de passar por ali. As pequenas flores ainda o traziam velhas lembranças e o faziam tentar imaginar novos futuros. Dois anos se passaram, mas Evaldo não queriam mais ter que esperar doze meses para revê-las. Preferia ficar lá, esperando que as flores o cobrissem.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ruas

As ruas largas me fazem mal. Curitiba só tem ruas largas. São ruas grandes demais para a minha insignificância. Os grandes gramados me fazem mal. Curitiba só tem grandes gramados. (Jardim Botânico, Parque Barigui, Centro Politécnico) São gramados grandes demais para mim. Eu preferiria viver em pequenas ruas, pequenos parques, pequenas cidades. Curitiba é grande demais para mim. Eu não aguento mais as voltas imensas de ônibus, horas pra chegar em lugares. Eu preferiria os pequenos bondes, os pequenos caminhos de outrora. O século XXI é grande demais pra mim. Ele e sua tecnologia, e suas redes. Redes de pessoas que já inutilizaram suas mentes. Eu preferiria as bibliotecas, e as enciclópedias de outrora. Eu me sinto deslocado num mundo que só segue em frente, segue ao colapso. A minha insignificância em meio as ruas largas e seus pedestres, seus gramados e seus turistas, à tecnologia e seus adeptos. Curitiba me faz mal, assim como suas ruas largas.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Conselho

Evaldo tinha uma palestra para dar na escola, um novo ano estava começando e com ele a volta às aulas que o atormentava. Naquele ano em especial Evaldo decidira mudar o seu discurso pragmático e sem graça para algo que talvez incentivasse seus alunos. Eis que o dia chegou, e Evaldo colocara alguns de seus rascunhos na maleta velha. No colégio, Evaldo estava sentando no seu lugar esperando, sem muitas esperanças a sua vez de se apresentar. Por fim o chamaram, ele levantou-se e seguiu até o palco do anfiteatro do colégio. Pela primeira vez naquele ano viu os olhos dos alunos olhando sem compromisso para ele. Alguns rostos repetidos, alguns novos.
"Olá, eu sou o Professor de Física, Evaldo. Por anos eu sempre disse a mesma coisa, mas por fim eu decidi mudar. Eu bem sei que muitos dos que estão aqui vieram sem escolha, e que devem estar querendo fugir. Eu sei porque eu fugi quando foi a minha vez. Mas por outro lado, tudo isso foi sempre uma obrigação para todos nós, e a diferença é que alguns de nós criam gosto pela obrigação. Esse foi o meu caso, e para que esse panorama geral mude, é preciso que esse seja o caso de vocês também."
Enquanto Evaldo dizia sobre o quão difícil era ser professor, mas ao mesmo tempo era reconfortante, ele imaginava o tamanho da sua própria hipocrisia. Nunca havia valido a pena, nunca foi reconfortante. Em meio  a todos aqueles poucos alunos que ainda olhavam para ele, Evaldo percebeu um rosto que se destacou. Era um aluno meio alto, parecia-lhe, cabelos longos bagunçados, de rosto fino e comprido, usava algumas pulseiras no pulso. Algo no olhar daquele garoto dizia que ele se importava, que ele parecia tomar as dores que Evaldo sentia, mas que não transparecia. Algo naquele garoto mostrava que ele entendia.
"Mas as coisas que nós pudemos fazer são mínimas, e cabem a vocês nos ajudarem, ou não."
Um dos alunos se levantou e perguntou:
- Você nos aconselharia a sermos professores?
Evaldo olhou para os seus colegas professores, olhou para a platéia, olhou para o garoto de pulseiras e disse em tom cansado.
- Não.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Colours

Era uma noite fria, num outono bem incomum. As conversas sobre jogos japoneses transcorriam num lugar semi-abandonado da faculdade. Eis que chegava pela porta uma garota em prantos. Isso já havia acontecido há muito tempo. E então as coisas mudaram muito, mas isso também já havia acontecido há muito tempo. Para Evaldo, hoje, as coisas tinham outro sentido, outro valor. As aulas já não rendiam mais, os textos menos ainda. Algo estava faltando, não haviam cores que pudessem alegrar, que pudessem aquecer. A chuva fina que caía aos poucos na janela e o vento cortante eram só indicativos de que nada melhoraria. Não enquanto chovesse e ventasse, não enquanto Tari não voltasse pra onde ela nunca deveria ter saído.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Frio Inerente

O frio prevalecia naqueles dias. Era normal, todos sabiam que o inverno chegaria, como sempre chegou. E com ele vinha uma certa promessa de mudança. Quem sabe fosse uma mudança para melhor. Evaldo checava o movimento da rua pela janela, era um sábado, a rua não estava muito cheia porém a vida dele como um todo estava bem agitada. E nem mesmo o frio inerente que cobria a cidade podia esfriar o coração de Evaldo. Ele havia conhecido alguém que podia terminar os amores errados e não correspondidos. Tari era o nome dela, e assim como as outras, era antes apenas uma amiga, daquelas que pedem conselhos, que estavam mergulhadas em problemas e cobranças. Mas, diferente das outras, via em Evaldo o porto seguro que só ele via nas pessoas. Era algo que ele nunca sentira, nem com Carolina, muito menos com Marina ou Laura. Evaldo tinha a certeza de que aquilo daria certo, uma certeza que jamais tivera.

domingo, 6 de maio de 2012

Xadrez

"Cecilia, eu estou fazendo tudo errado!" Essa era a vontade de gritar que tanto atormentava Evaldo. E de fato havia muita coisa errada nisso tudo. Mais uma vez ele estava sendo egoísta, mais uma vez estava transformando tudo numa grande mentira. As conversas ficaram cada vez menores e mais constrangidas. Evaldo esperava que tudo fosse diferente, e se não fosse por ele mesmo, quem sabe teria sido. Ou não, ele acreditava que não cabia a ele decidir, e sim aceitar. Como num jogo de xadrez em que cada jogada sua cria inumeras situações para o adversário. Cada movimento errado, e tudo vai por água abaixo. Era assim que Evaldo se sentia; quantos movimentos errados ele fez. Agora era questão de esperar uma segunda chance, ou o xeque-mate.

Sem Fôlego

O Sol brilhava por entre as ruas do Centro Histórico de Curitiba, Evaldo estava dentro do ônibus a caminho do trabalho quando avistou, pela janela suja, uma moça num carro, que batia as cinzas de seu cigarro na rua e tragava mais uma vez o seu fumo de marca. A fumaça ia invadindo o pulmão dela assim como as frequências selecionadas entravam no ouvido pelo pequeno fone. Dava pra perceber que o homem no carro falava com ela, mas ela não escutava. E de repente, a vida simplesmente virou a esquina. O Sol, outrora tão brilhante, sumiu. E a moça de fones-de-ouvido e cigarro nunca mais apareceu. As pessoas deixam marcas, às vezes, e outros se vão, como a moça do cigarro e fones-de-ouvido. Evaldo chegou na escola em que trabalhava pra mais um daqueles dias metódicos e que se passavam numa velocidade assustadoramente lenta. Tentava, em vão ensinar algo àqueles poucos alunos que ainda se importavam. O dia acabou, e tristemente Evaldo ia pra casa, as fitas do walkman surrado já não tinham mais a mesma graça. Os bons cafés que tomava eram cada vez mais insossos. Não havia mais o calor que antes o motivava. Os problemas dele, e de outas pessoas o invadiam sem pedir licença, numa frequência que alarmava Evaldo. Pôs a chave na fechadura para mais uma daquelas noites em claro, à base de café e de vários textos ruins saindo pela máquina de escrever.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Tempo

Evaldo pensava no tempo. Em toda uma dimensão, todo um fluxo e em todo esse louvor pelo tempo dos dias modernos. Pensava em como seria a vida se não houvesse a incerteza criada pelo tempo. Sentado, em meio aos seus rascunhos, Evaldo ia esboçando à lápis sua própria opinião do tempo. Sentindo o frio que ele sentia a medida que aquele mesmo tempo passava. Tão presente, tão constante, mas maleável ao mesmo tempo. Parecia até que era alguma ilusão criada por nós mesmos, pra representar justamente a passagem do tempo. Confuso... amassou e jogou longe. "Parece que para definí-lo tenho sempre que recorrer à alguma palavra que já carrega em si uma ideia pre-estabelecida do que é tempo." Tinha lido isso num artigo muito bom sobre justamente o tempo. Não sabia mesmo como definí-lo, era algo muito além da compreensão. Como diziam as músicas, "O tempo era um amigo precioso." Mas seria o tempo, algo subjetivo? Sim, somente pelo fato de que não podemos definí-lo. O problema reside em querer compará-lo com outras coisas. O tempo é mais que isso, ele é um sentido, assim como visão e audição, e ele serve para nós sentirmos o universo. Ele é algo muito superior a nós, ele é uma constante universal, mesmo que inconstante. Seria justo louvá-lo como um deus, pensou Evaldo, mas logo se lembrou que as pessoas já o louvam. Não havia por fim, nada de errado. Eram mais uma daquelas questões existencialistas que jamais iríamos encontrar respostas.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Loucura

Não foram poucos os dias em que eu o ouvia dizendo coisas completamente sem sentido, sozinho na escuridão. Eu juro que tentava entendê-lo, ou melhor, entendê-los. A minha própria solidão era um meio de prestar atenção nos outros e, em todos aqueles anos ali, eu poderia traçar um perfil de cada um dos meus colegas. Se bem que eu nem poderia chamá-los de colegas. Mal cheguei a vê-los, mas os conhecia tão profundamente quanto seus melhores amigos.

Um deles me chamou a atenção logo no princípio, assim que se instalou ao meu lado. Éramos vizinhos e ele provavelmente nem sabia da minha existência, mas de qualquer forma eu sabia a dele e assim que começamos nossa assim chamada “amizade”. Ouvia ele repetindo quase que toda noite as palavras que não me deixariam em paz por um bom tempo da minha vida. Até hoje eu tento saber o por que delas. Ele murmurava “Onde está a graça dessa piada?” E há muito que eu reflito por essa frase procurando, quase que em vão, encontrar um sentido nelas.

Mas quem sabe agora, depois de alguns anos em que ele continua a murmurar, eu consiga colocar tudo que eu sei sobre ele numa ordem definitiva e encontre algo que me escapou por todo esse período. O nome dele antes de mais nada era Lewis Norton e ele tinha na época que entrou aqui seus bons cinquenta anos. Sabia também que fora um analista-sênior numa grande indústria multi-nacional e que lá esteve por quase vinte anos, desde que era uma pequena metalúrgica nos arredores de Liverpool. Era de conhecimento geral de sua fascinação por carros e que dispunha de alguns exemplares não exatamente raros mas que despertavam olhares pela sua excelente conservação. Sua família era conservadora e ele não escondia que também o era. Não tão extremista quanto o seus irmãos mais velhos ou seu tio que era fanático por nacionalismo. Não; era de uma ética que faltava a muitos críticos esquerdistas e era bastante prestigiado na empresa por seus cuidados com um produto perfeito. Chefiava, naquela época, o setor de qualidade da empresa que se chamava Kilmer Industries. Eles no auge dos anos noventa se instalaram em Londres e Nova Iorque, mas a sede continuava na industrial Liverpool e era nesse escritório que Lewis trabalhava.

Isso não era quase que segredo para ninguém, era de fato uma figura pública, pois, além de chefiar um dos setores da companhia, ele ainda era o assesor de imprensa da empresa, que o escolhera por ser, ao mesmo tempo, ético e minuncioso às últimas consequências. No tempo que a catásfrofe da vida dele aconteceu a empresa estava passando por um bom momento, ações na bolsa em alta, novos mercados fora da Europa, como a América Latina e Ásia. Haviam criado conexões e joint-adventures com várias outras empresas de mesmo ou pouco menor porte e os lucros excediam as expectativas.

Com esse aumento repentino nos negócios havia muitas entrevistas ar dar aos jornais econômicos do mundo e, como não podia deixar de ser, haviam também muitas reclamações em relação aos produtos da Kilmer, o que também era da responsabilidade de Lewis.

Ele particularmente, não estava planejando tão rápido crescimento e cojitava até, a sua aposentadoria um pouco precoce. Não haveria de faltar recursos, pois afinal sempre fora de uma família de poupadores (salvo raras exceções), e essa qualidade não faltava a ele. Assim que o auge de problemas com a empresa se tornou insuportável ele teve de renunciar ao cargo e pedir demissão. Recebeu seu acerto de 19 anos e 7 meses de trabalho, uma quantia razoávelmente boa para quem não iria mais trabalhar e foi a partir desse momento que eu mais me indaguei em como alguém tão íntegro quanto Lewis poderia ter parado num lugar como este que agora estou.

Eu me questiono o que de tão grave poderia ter acontecido. E quem sabe a piada não era de tão bom gosto assim. Eu acredito que não eram problemas que arrecatariam em consequências graves. Era, afinal, uma história de sucesso profissional e ele sempre servira de exemplo tanto a seus colegas de trabalho quanto a seus próprios concorrentes que viam a Kilmer como uma empresa tão sólida quanto o nome de Lewis Norton.

A família Norton já tinha alguns nomes ilustres entre seus representantes. Além de Lewis, a sua própria filha já era uma respeitada consultora financeira e foi quem deu o aval para a aposentadoria precoce de seu pai. Seu nome era Isabella e trabalhava como consultora internacional da Ericsson em seus escritórios na Inglaterra, e também como consultora particular para aqueles que ela chamava de novos-ricos, em geral pessoas que recebiam heranças milhonárias, astros no auge e também esses mesmos novos-ricos que acabavam por não seguir seus conselhos e se viam em despesas extraordinárias e dívidas impagáveis e correndo pedindo o auxílio dela. Lewis também tinha um renomado arquiteto entre seus sobrinhos, filho de um de seus irmãos conservadores aos extremos. Este arquiteto chamava-se Michael e projetara a parte da nova Londres, inclusive os prédios da Kilmer em Nova Iorque e na capital inglesa. De resto eram aproveitadores da fama destes três e vinham todo bimestre para pedir algum auxilio financeiro.

Dentre estes, além de sua filha e de sua mãe, não havia quase ninguém de quem Lewis tivesse alguma relação afetiva. Ele e a mãe de Isabella, tinham se divorciado quando a filha tinha 14 anos, já faziam 10 anos. Elas moraram juntas e Lewis nunca tivera muito contato com a filha durante a adolescência dela mas faziam uns três anos que eles se viam com mais frequência, logo após que ela se formou em Ciências Contábeis.

Mas quem há de acreditar em mim, eu um mero residente de um asilo para incapazes mentais. Um sociopata condenado que nem sabe a fonte de todas essas informações. É, de fato eu esteja meio louco mesmo.

domingo, 29 de abril de 2012

Humor por um dia

Evaldo caminhava pra casa, era perto da meia-noite. O frio o acompanhava, mas não o incomodava. Ouvia incessantemente as fitas-cassete que havia encontrado, mas nenhuma delas o confortava de certa forma. Ou eram alegres demais, os tristes demais. Chegou em casa depois de mais um dia cansativo, mais um dia que depois de uma certa análise, tinha sido por completo inútil. Largou o Walkman na cama, e tomou um banho. Refletiu, chegou a conclusão que tudo estava errado, de uma forma quase irrecuperável. Também lembrou de uma frase de Buda: "Jamais devemos ser radicais, nem quanto à essa decisão." Poderia então haver uma solução, mesmo que drástica, ou mínima demais para vermos, que solucionasse essa quantidade de coisas erradas que vemos por aí. Saiu do banho, vestiu-se e pôs-se a preparar um café. Sentiu o gosto forte invadir sua boca e despertá-lo de uma ilusão que vivia, que todos vivemos. Olhava pela janela, vendo as pessoas passando pela rua, e cada uma com seus mesmos problemas, às vezes, se metendo nos dos outros. Mas a vida é assim mesmo, pensou ele. Não haveria porque se preocupar.


Olhou para o celular que começou a apitar, e era uma mensagem de Cecília. Foi uma surpresa, a mensagem era tal: "Continuava a questionar os fatos, quando ele já tentava fazer falar os acontecimentos. Os fatos se repetem. (Sartre)" Evaldo sorriu para a tela. Cecília era o tipo de garota que o fazia bem, nos melhores momentos. Vai ver era aquele sorriso cativante, ou sua capacidade intelectual que eram espantosas. Não sabia o que, mas sabia que o deixava melhor. E por alguns instantes se pegou pensando nela, nos momentos legais que passara com ela, nas longas conversas existenciais. O café ia esfriando enquanto Evaldo esfriava a cabeça de pensamentos. Esquecia aos poucos o mundo, e tudo, e todo mundo. Sentou à beira da cama, mordiscava algumas bolachas, e o tempo ia passando cada vez mais devagar, as palpebras caíam, e Evaldo dormiu, pensando no sorriso de Cecília, ou mesmo nos tantos problemas que antes tanto criticou, e que agora eram apenas coisas que ele aceitava humoradamente, ou não, mas aceitava. O walkman jazia ao lado, ainda tocando as músicas apenas pelo fone. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Fragile

Evaldo caminhava pela avenida, em direção a algo que ele sabia que não iria dar certo. Marina o esperava, sorridente, em frente a faculdade, o beijou... Evaldo acordou assustado, o pesadelo o atormentava mais uma vez. Já era a terceira semana. A terceira consecutiva em que já não conseguia mais dormir. Evaldo se desvencilhou dos lencóis e saiu de sua cama, em meio aquela mesma casa fria, com o mesmo vento entrando pela janela entreaberta. Não sabia, e achava que nunca ia saber como esquecê-la. Foi à copa adjunta, mas não havia nada lá. Pensou num café, mas tudo o que queria mesmo era dormir. Dormir sem ter que lembrar dela. Sem ter que ver seu sorriso, mesmo que num sonho. Pois o problema mesmo foi ter sonhado demais. Evaldo se sentou na escrivaninha e pôs-se a organizar seus papéis. Tentava ocupar sua cabeça com as coisas mais desnecessárias possíveis, apenas para não pensar em Marina. Lembrou-se de Cecília, de Laura, de Carolina. Não poderia haver outro jeito, que não esse.

Guardou seus papéis, um pouco mais organizados, dentro de gavetas. Numa delas havia uma caixinha, que intrigou Evaldo. Abriu-a, e viu que tinham algumas fitas cassetes e um walkman dentro. Levantou-se devagar olhando pra caixa e foi procurar pilhas. Pegou duas numa gaveta da copa, e pôs no Walkman, selecionou uma fita desmarcada, rebobinou e tocou no aparelinho. Reconheceu de imediato, era um álbum antigo que ele havia gravado em fita. Fragile. Voltou à cama, deitou com os fones e adormeceu antes do fim da primeira música.

Acordou, de roupa e tudo, jogado por cima das cobertas. Tirou os fones de seu ouvido e pegou o celular em cima do criado-mudo. Mostrava que haviam mensagens não lidas; "1 Unread Message - Marina". Parecia que não havia fim, e que sempre que conseguia um tempo, ela voltava mais forte. O problema foi ter sonhado demais, ela não tinha culpa. Evaldo precisava esquecer, precisava encontrar um novo amor. Ou como diria seu amigo, Allen, não precisava. Era uma questão emocional, Evaldo supunha, era uma necessidade em precher um vazio. O problema estava em preenchê-lo com uma ilusão, com uma mentira, com uma ideia criada a partir de você. "Vamos almoçar hoje?" Não, pensou Evaldo. Não era preciso, era necessário ser mais forte que isso. "Sim, claro. Vamos nos encontrar onde?" Era mais uma semana vindo.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Problemas Externos

As notícias atingiam Evaldo em cheio, em principal as ruins. Problemas externos fora da capacitância dele. E ele estava cada vez mais triste, mais distante. Laura que era a solução, se transformou na causa de conflitos. Uma mensagem, alguns dias que foram muito bons, de certa forma. Mas eis que Pedro voltou, voltou exigindo mudanças, e irritadíssimo, fez com que Laura tivesse que criar uma distância de Evaldo. Por outro lado, Cecília se mostrava cada vez mais próxima, numa relação inversamente proporcional ao afastamento de Laura. E tudo era muito comum e conflitante ao mesmo tempo. Não se podia haver tantas semelhanças e algo tão bom acontecendo ao mesmo tempo de algo tão ruim. Talvez fosse aquela teoria de uniformidade e constância que Evaldo tanto respeitava, ou talvez mesmo, um carma ou o que fosse. Só o que Evaldo não sabia era se ficava feliz ou triste com tudo isso.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Lapsos

No corredor ecoava num silêncio sepulcral, o frio entrava pela janela que há muito tempo estava entreaberta na sala. A poeira que jazia por cima dos móveis estava intocada. Não se ouvia som de passos, mas sim de uma respiração pesada. Uma respiração que vinha de um quarto ao fim do corredor. A porta estava meio encostada e só um pequeno feixe de luz saía por ela. Lá dentro, sentado numa cama de quatro colunas estava Evaldo. Estava velho, barba a fazer, e com uma xícara suja de café no criado-mudo ao lado. Na parede oposta havia uma escrivaninha, lotada de rascunhos, textos, artigos, aulas... Evaldo olhava pra tudo aquilo, e não sabia o que fazer. Tanto conhecimento, e nenhum ao mesmo tempo.

Se levantou, pegou a xícara e foi até uma pequena copa adjunta pra fazer mais café. A cafeteira resistia ao tempo, e ao uso excessivo, e vinha com ele haviam muitos e muitos anos. Evaldo olhava pela janela enquanto o ar pesado ia pegando aos poucos o aroma do café. Serviu-se de uma xícara, duas, três... Rasgou meia duzia de rascunhos, selecionou outros e os colocou numa pasta de couro velha. Abriu a porta e saiu pelo corredor. Virou para a janela entreaberta mas não fez questão de fechá-la. Abriu a porta dos fundos de onde tinha a visão de uma manhã nublada, fria, com o barulho incessante de pessoas e veículos passando. Evaldo queria de volta seu silênico, mas precisava ir.

Fechou a porta do carro, deu partida e seguiu por ruas estreitas, apenas para não cair em congestionamentos. Chegou na escola em que dava aulas, sentou na sala dos professores, serviu-se de café. Os outros professores chegavam aos poucos, mas quase nenhum deles gostava de Evaldo, da mesma maneira que Evaldo não gostava deles. Eram todos doutrinadores, e ele odiava isso. Saiu dali e foi pra sala de aula. Chegou antes dos alunos e ficou escrevendo o conteúdo no quadro. Os alunos chegavam aos poucos, em pequenos grupos gritando, falando absurdos, e discutindo seus problemas infantis. Todos se sentaram, e com o tempo foram se aquietando.

A aula se passou como sempre, os alunos todos olhando fixamente no quadro, porém suas mentes estavam em qualquer outro lugar. Evaldo olhava tudo aquilo sem saber o que achar. Não sabia se era culpa dos próprios alunos, dos outros professores, ou dele mesmo. Nunca se exclua de um estudo social. Foi seguindo a aula, e de súbito calou-se. Sentou na cadeira, e começou a marcar o livro de chamada. O silêncio foi de alguns instantes. Até que um aluno perguntou se ele estava bem. Sim, Evaldo estava bem, mas a aula estava acabada. O silêncio foi dando lugar a uma bangunça controlada, que aí sim, deu lugar à completa balbúrdia. Evaldo continuava a comtemplar seu livro. O coordenador chegou e tentou colocar ordem nos alunos, chamou Evaldo e foram conversar.

- O que está acontecendo? - Perguntou o coordenador.
- Você tem café?
- Não podemos lidar com esses seus lapsos de responsabilidade.
- Tem café?
- Não tem! Evaldo, nós lidamos com profissionais.
- Você se considera um profissional, considera meus colegas profissionais?
- Considero!
- Então me dê sua definição de profissionalismo. - Os dois se olharam por um momento, e o coordenador disse:
- Vá pra casa, amanhã nós conversamos melhor.

Evaldo levantou sem hesitar e seguiu até o estacionamento, entrou no carro, foi para casa. Abriu a porta e viu um feixe de luz entrando pela janela entreaberta. Ficou algum tempo olhando para a janela. Abriu-a e uma claridade invadiu a sala. O ar, outrora tão pesado, ficou aos poucos leve. Evaldo seguiu até o quarto. Abriu as cortinas da janela, preparou algumas xícaras de café e sentou na escrivaninha.

"Onde eu coloquei aquela cópia do curriculo?"

terça-feira, 17 de abril de 2012

Não há direção para casa

Por que razão, diga-me, eu deveria me preocupar tanto? Não há uma sequer resposta, um arranjo de ideias cada vez mais complexo que não deixa espaço para soluções. Sim, é um sistema impossível. Impossível de se obter uma quebra, por menor que seja. Um sistema que me corroeu tanto que se fixou nas mais profundas raizes do meu consciente. Impossível de tirá-lo dali. Não há uma direção certa, um marco zero em que eu possa me basear pra voltar ao normal. Não, não há como voltar. Não há mais direção para casa. Prendo-me na suposição de que, agora, devo continuar neste mesmo caminho. Esperando que sirva de lição, ou no melhor das hipóteses, que me leve a algo melhor.

domingo, 15 de abril de 2012

Grito aos Ventos

Sentado de pernas cruzadas na sacada suja do quarto, Evaldo estava a ponto de gritar. A ponto de jogar tudo pra cima, pegar todo seu dinheiro e fugir dali. Fugir pra bem longe, e pra nunca mais voltar. Os pensamentos em Carolina, Laura, Cecilia e Ada se degladiavam em sua cabeça e ele não aguentava mais. Queria poder correr aos braços de Laura, a quem ele amava. Ou aos braços de Carolina, que o entendia. Evaldo não sabia mais a quem recorrer, nem a quem gritar. Gritar aos ventos ele pensou, mas nem isso mais fazia sentido, nada mais fazia sentido. Evaldo deixara de ser ele mesmo, sentia que estava completamente mudado. E não se acostumava com esse novo "ele". As rotinas o prendiam, e nada mais era novo, nada passava sem ser completamente previsível. Quem sabe fosse a maturidade de Laura, ou a igualdade com Carolina, o silêncio de Cecilia ou a explosividade de Ada que o trariam de volta. Isso ninguém saberia dizer.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Conflitos

Evaldo conseguiu por fim, esquecer os sentimentos que tinha por Carolina. Soube aceitar seu lugar e respeitar as decisões dela. Laura estava cada vez mais perto de Evaldo, a vergonha ficou de lado e ele, meio receoso, disse tudo pra ela. Disse que se sentia bem por estar com ela, que ela sabia, de alguma maneira, fazer com que Evaldo deixasse os problemas de lado e visse as coisas por outros olhos. Laura soube entender o que ele sentia, soube respeitar, o que deixou Evaldo, de fato mais aliviado. O que ele realmente não esperava era ter conhecido melhor Cecilia, nem que tivesse conhecido Ada Lovelace.. mas isso é outra história.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Horizonte

Evaldo estava com o violão no colo, tocando algumas musicas pela metade, sem uma ordem lógica visível. Era, no entanto, muito visível que sua preocupação não era o violão. Os olhos dele estavam fixados num horizonte distante, seu pensamento estava a seiscentos e oitenta quilometros à nordeste. E não era sem motivo que Evaldo se pegara pensando em Carolina mais uma vez. Ela estava muito mais distante que esses quase setecentos quilometros, ela estava completamente inacessível. Evaldo estava mal com aquilo, sentia-se culpado por muitas coisas. Culpado por demonstrar afeto, culpado por destruir momentos. E mesmo que Laura estivesse ali pra roubar todas as atenções emocionais de Evaldo, Carolina conseguia sempre ser o destaque. Talvez isso fosse o mais errado de tudo. Um poliamor que não existe, só é um fruto da cabeça de Evaldo. Que Carolina seja feliz com quem ela quiser, e Evaldo seja feliz talvez com Laura.

Poliamor

Os sentimentos de Evaldo eram conflitantes, e isso só o deixara pior do que estava. Carolina estava triste, distante e de uma certa forma tinha razão. Evaldo tomara suas dores, e sozinhos, sentados a um muro, estavam a beira de lágrimas. Evaldo viu Carolina ir embora, e não podia fazer mais nada. O ônibus virou a esquina e uma lágrima correu pelo rosto de Evaldo. O céu se fechou e despejou uma chuva colossal, enquanto as lágrimas de Evaldo continuavam a cair. As pessoas todas corriam por marquises e se protegiam da água torrencial, mas Evaldo só foi para casa. Perdido em seus próprios pensamentos, e encharcado até os ossos, ele andava pelas ruas desertas em meio as correntezas formadas pela chuva, pensando, somente pensando em tudo que Carolina foi pra ele, desde o primeiro "oi" até o abraço silencioso da rodoferroviária. Curitiba chorou na quinta, no domingo. Curitiba deu adeus a uma amizade. Curitiba deu adeus à Carolina e tudo de bom que ela, pelo menos a mim, trouxe.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Existe fé no mundo?

O mundo perdeu o conceito de amizade. O tempo o corroeu, o desgastou até ele perder sua forma original. A beleza inicial foi dando lugar à falsidade, ao egoísmo. Mas de tempos em tempos um pequeno foco dessa amizade original; que era baseada em confiança, em preocupação, em bons conselhos, aparece. Uma história que se criou, mas o mundo não suporta mais tanta beleza, o mundo está poluído por nós! O mundo rejeita a humanidade, a despreza como se fosse o mais infímo ácaro do seu colchão. Eu me lembro de uma dessas amizades, e como todas ela foi esmagada pela mente suja das pessoas. As pessoas repudiam a mera menção de um sentimento bonito. Preferem dar lugar a um amor egoísta. Um amor que no fundo, não se preocupa com as pessoas. Eu senti na pele o que é ser esmagado pelo senso-comum, e meu único recurso é um apelo para que as pessoas parem de pensar nelas próprias, visualizem isso de uma forma mais ampla. Acredito que o mundo todo é uma constante, e que para um ter mais, outro deve perder. E saiba que por mais "nobre" que seja sua causa, alguém vai se machucar com isso.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Entendimentos equivocados

Qual é a concepção de cada pessoa para certo assunto, e o quanto isso influencia no seu modo de pensar sobre ele. Parece até título de tese de psicologia ou sociologia, mas era o que corroia a cabeça de Evaldo. Ele estava desanimado, descontando sua indignação em pessoas que não tinham nada a ver com isso, e vendo Carolina cada vez mais longe dele. E justamente no período de que eles estavam mais próximos. E quando tudo foi da lama aos céus, Evaldo foi o culpado, Evaldo não sabia diferenciar, Evaldo queria roubar Carolina pra ele, Evaldo dizia "eu te amo" pra ela. E tudo isso é extraordináriamente errado. O mundo culpou Evaldo, somente pelo fato que ele se preocupava com ela. E o amor que eles sentiam, o amor fraternal (não o amor humano, sujo e egoísta comum) que eles sentiam foi acusado, foi decaíndo, e Carolina estava cada vez mais distante. O egoísmo de uma pessoa destruiu toda uma história, sem motivos aparentes, apenas pela ignorância, pela insegurança, e pela falta de comunicação. E acabou por distanciar Evaldo e Carolina, num final que não foi feliz pra nenhum dos lados. Mas que alimentou o ego de uma única pessoa.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Visitas inesperadas

"O que fazer pra convencer?" - Pensou Evaldo, num suspiro longo. A sensação de insuficiência era enorme. Nada de que ele dissesse ou pensasse serviria de fato para alguma coisa. Não haviam adjetivos para qualificar o que ele sentia. Carolina, por outro lado, sabia que de alguma forma, por menor ou mais visível que fosse, aquilo podia dar errado. Ele não iria deixar nada acontecer e tinha prometido "protegê-la" a todo momento em que ela estivesse perto dele, e a avisara. Pedira, suplicantemente que ela lembrasse de Evaldo por ali, que ele sempre estaria mais do que disposto a ajudá-la. Ainda assim ele estava preocupado, algo lhe dizia que tudo aquilo não daria certo. "Como convencê-la?" - Pensou mais uma vez.

sábado, 31 de março de 2012

Vergonha

Aquele momento em que tudo o que você diz e tudo o que você pensa envolve uma pessoa. Aqueles calafrios que você sempre sente com ela. Era isso que Evaldo estava sentindo, e ele não sabia como expressar isso. Evaldo estava sozinho, sentado em meio de uma casa vazia, fria. Esperando. Talvez esperando por uma certeza, por uma situação qualquer que mostraria a ele que a direção estava correta. Poderia ser também mais uma daquelas ideias erradas que Evaldo teve por tempos, mas ele achava que não poderia cair num mesmo erro mais de uma vez. Laura, por sua vez, estava longe, e não o veria por um tempo. Tudo era muito incerto, Evaldo era sempre muito gentil, e, podia ser impressão dela, mas ela percebia que ele gostava dela. Talvez fosse muito visível, mas não haviam certezas no ar. O que arruinava tudo era a vergonha. Vergonha de dizer tudo de uma vez. Medo de estragar o que já foi feito. É tudo uma questão de arriscar.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Não basta parar e ficar olhando

Evaldo já não tinha certeza. Carolina era um momento passado, constante, porém superado. Surgira então uma chamada Laura que havia aparecido há pouco em sua vida. Em meio a todos os problemas de Carolina, ela vinha de pouco em pouco, cada vez mais tomando espaço nos pensamentos de Evaldo e ele não sabia o que tudo aquilo significava. Mas seguem os fatos; Evaldo conhecera Laura na faculdade, ela era mais velha e tinha uma situação familiar bem peculiar. Tudo levava aquilo a um nível de estranheza que até hoje Evaldo não sabe explicar. Foram dias se vendo e conversando, com alguns "encontros" e alguns vários momentos bons. Ele não sabia o que sentir por ela. Ele não sabia se gostava dela, ou se achava que ela gostava dele. Nada fazia sentido algum, mas o amor faz sentido, perguntava-se Evaldo. Ele não sabia se era amor, ou se era apenas a ideia de estar apaixonado.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Montanha Russa


“Estou bem.” - Talvez fosse a pior mentira do universo. De certo, a maior mentira que Carolina poderia contar a si mesma. E este é o início, também o meio, o fim. É o ponto de partida para fixar-se nas tristezas, prender-se num mar de profundezas. Começar a crer que nada pode melhorar e que tudo é tendência a piorar.
“Sempre me disseram que palavras têm poder...” - Pensava. Talvez essa seja a forma de mudar, talvez.
Era, de fato, a hora de mudar, de pensar em coisas importantes, de sonhar alto. Mas tudo a impedia de sonhar. O amor lhe prendia, e por mais forte que ela tentasse se soltar, o amor era mais forte. Era um ponto de estagnação que ela não suportava mais. A hora de Carolina já havia passado, era hora de correr atrás, de se desvencilhar de incomodos, e de amores. Tudo era um ânimo momentâneo, e esse mesmo já havia passado. Carolina não gostava das surpresas, não gostava de parques de diversões e, principalmente, não queria ter sua vida em um carrinho de montanha russa e eram esses altos e baixos que Carolina já não aguentava mais.

Renata Macedo e Franco Ferreira

sábado, 17 de março de 2012

Opinião

"Por que é que opinião incomoda tanto assim?" Carolina pensava. Perguntava as pessoas, e cada uma dava seu ponto de vista, mas nenhum que fosse compatível ao dela. Cada pessoa tem sua opinião sobre o conceito de opinião. E talvez seja por isso que as pessoas devam respeitar. Carolina coçava a cabeça enquanto tentava imaginar uma universalidade para aquele conceito tão disperso e tão, digamos, volátil. Na cabeça dela, a opinião era a visão que cada pessoa tinha das coisas, ou de situações. O pensamento que vinha depois de conhecer cada coisa, o sentimento que se tinha depois de cada situação vivida. Ela achava que a criação de opinião era inerente a pessoa, ou seja, querendo ou não, nós formamos uma opinião de tudo. Eram ideias e ideais sobre quaisquer tema. Mas isso incomodava ela, de alguma forma que ela tentava descobrir. Saiu de casa e foi para o quintal, respirou um ar gelado da noite, olhou para o céu e voltou, meio que desanimada para dentro. Sentou-se na escrivaninha e pôs-se a pensar. Não era sempre que ela se incomodava, ela se incomodava pela "falta de liberdade de expressão" que ela, e todas as pessoas tinham. Não é sempre que você pode expressar sua opinião livremente. Num mundo e numa sociedade que prezam por uma "liberdade utópica", a própria sociedade te corta em alguns aspectos. Mas, era claro para Carolina que não vivemos num mundo perfeito, e isso deixou de incomodá-la. Contudo, ainda tinha algo que ela não entendia. Mesmo que numa repentina revolta, alguém expressasse sua opinião, "politicamente correta" ou não, sempre havia de aparecer alguém para contra-argumentar ou sei lá, criticar de alguma forma seu, e únicamente seu jeito de ver as coisas. Isso era muito errado para Carolina, era desnecessário, não era nada educado. E pior mesmo era quando essa tal pessoa que vinha apenas para criticar, era desprovida de conhecimento no assunto e assim, além de falar asneiras, não criticava construtivamente. Eis que finalmente Carolina encontrára a solução: Deixava o assunto morrer, utilizando de cortes e ironias. Tinha sido eficiente até então.


Franco Ferreira e Renata Macedo

sexta-feira, 16 de março de 2012

Pedido formal

O mundo deu voltas e mais voltas, os dias iam e vinham, mas Evaldo não tinha uma certeza. Era certo que Carolina gostava dele, pois ela mesma dizia. Evaldo, no entanto, achava errado o sentimento que ele possia por ela. Ele mal sabia descrever o que sentia. Finalmente ele decidiu pedir, tentar transformar o sonho em realidade, literalmente. Pediu Carolina em casamento. Ela achava que um relacionamento desses tendia ao fracasso e preferiu que somente vivessem juntos. Mas faltava um convite, um pedido. Evaldo respirou fundo e disse "Carolina, sabe que nos damos muito bem e eu sinto necessidade de te ter por perto. Acho que te amo, mas não sei bem se é realmente isso. Mas pergunto, você quer viver comigo, estarmos um para o outro e vice-versa?" Carolina pensou por um instante e respondeu "Pois, que Evaldo fique bem sabendo, o coração ou a mente de Carolina escrevem, suplicam um amor muito bonito, um amor diferente do que se vê por aí. E Carolina humildemente aceita, Carolina adoraria viver ao lado de Evaldo." Pois uma coisa era certa; Carolina crê fielmente na bobisse de Evaldo.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Dose de inutilidade diária

Evaldo estava no emprego, a tradicional xícara de café ao seu lado. Estava com a cabeça cheia e decidiu abrir o navegador de Internet. O conceito de Internet sempre lhe foi meio abstrato, quase que metafísico. Ele imaginava um mundo virtual de dados e servidores como portas para esse mundo, que na realidade não passavam de grandes computadores, e a conexão com eles vinha com um cabinho miserável. A grandiosidade da Internet perdeu espaço na cabeça de Evaldo. Ele abriu uma rede social que ele já não abria a certo tempo. As 95 notificações fizeram ele quase pular da cadeira, não obstante, a velocidade em que novas publicações surgiam era quase alarmante. Publicação era um nome interessante, pensou Evaldo. Publicações pra ele eram periódicos, jornais, artigos de revistas científicas. Não imagens com mensagem bonitas, mas sem conteúdo. Depois de alguns minutos observando o comportamento das pessoas, ela já não conseguia saber se aquelas pessoas diferenciavam a vida virtual da real. Toda a rotina, todo o desânimo da vida real apareciam nas "publicações", mas com uma esperança natimorta. Ele percebeu a tendência das pessoas se refugiarem nas telas de seus computadores, pra viver a mesma, ou muito parecida vida que levariam no mundo. A partir daí o café tinha acabado, e sua dose de inutilidade diária também. Fechou o navegador e colocou-se a trabalhar. O mundo é muito grande para se ter tudo a sua mão em segundos.
 

terça-feira, 13 de março de 2012

Beleza Maquiada

Era de fato necessário? Perguntou-se Evaldo. Todas aquelas mudanças iríam trazer resultados? Não conseguiu imaginar uma resposta plausível e seguiu seu caminho pela rua deserta. O frio da noite na cidade o confortava de certa maneira. Se viu de repente na obrigação de parar e apreciar a bela Lua que estava no céu. Fez Evaldo esquecer momentâneamente seus problemas, e ver de fato alguma beleza. Uma beleza que ele já não sentia mais. Uma beleza que ele não conseguia ver nas pessoas e nas suas atitudes. Uma beleza maquiada que destruiu paredes sólidas, que ele considerava inquebráveis e insubstituíveis. O mundo já não era mais o mesmo, pensou Evaldo, enquanto se levantava do banco da praça. Deu uma espiada na Lua, que já tinha sido encoberta por nuvens, e seguiu seu caminho na noite fria.



Casamento

Evaldo acordou de sobressalto. Acordara de um sonho bem interessante, no qual uma amiga dele, Carolina, apareceu. Foi quando se assustou, e acabou acordando. Sem conseguir dormir foi até a cozinha para passar um café e refletir sobre ela. Se conheciam por causa do namorado dela, um amigo de Evaldo. Começaram a conversar e confidenciar coisas, era a melhor amiga de que ele tanto precisava. Ajudava ele, escutava seus problemas, assim como Evaldo escutava os dela. Mas havia um problema, afinal, sempre há um. Evaldo começara a gostar dela, de um modo que ultrapassava a amizade, numa época em que Carolina brigava com seu namorado. Evaldo sempre se sentiu culpado, e ainda mais agora, que além de tudo sonhava com ela.
Lembrou-se, entre canecas de café, que ela até terminou com a pessoa, mas que em seguida voltaram. Lembrou-se também, da infelicidade, que mesmo sendo completamente errado, que ele sentiu quando soube. O quanto que isso deu a entender? Ele já não sabia dizer. Lá se foram minutos de pensamento, até que finalmente lembrou-se do sonho. Estavam numa igreja, era um casamento, com certeza. O estranho era que Evaldo era o noivo. As portas se abriram e a noiva entrou sozinha, com um véu tampando seu rosto, ela parou diante dele e retirou o véu. Era Carolina. Evaldo acordou de sobressalto.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Abismo!

Fazia anos que eu não me sentia assim. Eu esperava todas as respostas do mundo, a não ser aquela. Aquela resposta que me jogou num abismo há dois anos. A impressão que me deu foi que a pessoa que me tirara de tal abismo, assim que eu subi na bordinha, foi lá e me derrubou de volta. Agora eu caio nesse abismo sem fim, esperando um pouco de compaixão e um segundo resgate. Ou esperar que outra pessoa me salve. Acabo pensando que a minha vida vai ser cair nesse abismo, nesse precipício. Que ninguém conseguirá tirar-me dessa situação. Eu troquei uma pela outra. A outra que foi muito melhor que a primeira. Fazia muito tempo que eu não chorava. Meus amigos me dizem pra eu não ficar assim, ela mesma mem disse pra não ficar assim. Agora estou escrevendo, jogando Whell of Fortune (Roda a Roda) no N64 e esperando essa situação mudar de repente.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A loja vai ficar muito triste sem você

(desculpem pelo texto melódico)


A loja vai ficar muito triste sem você. Eu vou olhar para a papelaria sem o ânimo que antes eu tinha. Eu vou ficar convivendo com pessoas sem afinidade sem ter um porto-seguro. Eu não vou ter mais como fingir minha inconsolação e minha tristeza. Antes, você era em quem eu me aguentava, e de repente, enquanto estava tudo melhorando e excedendo todas as minhas absurdas expectativas, você me solta, me faz cair num desespero e numa falta de esperança que eu nunca havia desfrutado nem sentido. Eu tenho uma sorte imensa para encontrar pessoas legais em lugares que eu não esperava. Mas tenho igual sorte para perdê-las nos melhores e mais oportunos momentos. Você pergunta por que que eu gosto de você. Não há resposta mais simples; Eu gosto tanto assim de você pelo simples fato de você ter me tirado de um poço, no qual eu estava perdido há pelo menos dois anos. Ninguém conseguiu me tirar de lá. Era muito fundo, a situação era desesperadora. Uma pequeníssima poça d’água que se revelou num gigantesco oceano turbulento e eu num náufrago perdido nessa imensidão sem esperanças de resgate. Mas então você surgiu e me salvou. Me mostrou que haviam pessoas melhores. Pessoas que me queriam bem. Você era real. Estava ali a apenas alguns metros de mim. Nós fomos nos dando bem. E, como era de se esperar – pelo menos a mim – o sentimento que eu tinha cresceu, de forma saudável. E fazia muito tempo que eu não sentia isso. Eu não tinha palavras. Você deixou de ser meu porto-seguro apenas, você era toda a razão de eu continuar ali. Nossos dias de folga eram martírios de 24 horas para mim. Mas tudo melhorava assim que eu olhava pra você ali do outro lado, e percebia um olhar carinhoso de volta. Acredito que não tenha razão melhor para dizer que eu estava amando você. Mas não você apenas. Eu amava as situações em que nos encontrávamos, amava as nossas conversas, amava o fato de você ir almoçar comigo e também não se importar com o que as pessoas diziam sobre isso. Eu amava o fato de confiarmos um ao outro, de respeitarmos um ao outro. Eu não me importaria de ter que explicar uma possível relação nossa a quem quer que fosse. Eu só me importaria se eu perdesse você, se você se transformasse naquele mesmo oceano em que antes eu me perdera. E tudo tende a isso, que a gente perca o contato, que tudo isso nessas ínfimas três semanas se perca. Eu estou acostumado a isso, mas você era promissora demais, e eu talvez não devesse ter planejado tanto, em tão pouco tempo. Eu te amo, e que isso que eu estou prevendo não ocorra. 

sábado, 21 de janeiro de 2012

Retrospectiva 2011 (atrasada)


O ano começa comigo procurando um emprego, tentando me acostumar a nova rotina de viver longe de toda a “civilização” de Curitiba e longe todos os meus amigos. Levando um não depois do outro em cada emprego que eu tentava. Foi o ano de descobrir que eu passara na UFPR. Meu aniversário foi um tormento e por fim, o meu melhor nesses, até então 17 anos. Meus amigos vieram para cá e nós ficamos jogando e vendo filmes toda a noite até que eu levei-os de volta a cidade e voltei a minha vidinha monótona e contínua. Eu saía de vez em quando e conheci uma garota que talvez mudaria minha vida, mas não, ela só me fez mostrar o quanto eu realmente amava a garota dos meus sonhos, da minha vida e, como eu queria, do meu futuro. Teve o aniversário da Carolina, essa “minha” garota, e foi muito legal pra mim, mas não pro nosso relacionamento fictício. Logo depois eu comprei o Set do The Beatles: RockBand e ainda estou aqui com ele. Mas foi finalmente por esses tempos que eu comecei de fato a trabalhar. E não foi num emprego qualquer, eu entrei no setor de Rede da TIM Celular com a ajuda do pai do meu grande amigo Vítor Rigotti. E por lá fiquei por três meses até que entrei na AC/DC Engenharia e com isso veio minha primeira viajem inesperada, pra Florianópolis. Fiquei na empresa por um mês e logo saí para uma outra empresa, a Simprotel Telecomunicações, e assim veio minha segunda viajem inesperada, desta vez de avião, para São Paulo, SP para ficar lá uma semana e fazer um curso na Ericsson. O que me trouxe algo no curriculum, mas muita dor de cabeça e assim, saí de lá, e fiquei sem trabalhar. Trabalhei por um mês com meu pai e decidi parar de vez. Desde então tenho ficado em casa e jogado algumas coisas. No meio do ano o Rigotti saiu de Curitiba e foi pra Maringá. O Thiago fez um curso de AutoCAD e começou a trabalhar. Foi um bom ano nesses aspectos, mas nada foi tão estranho, legal e bizarro quanto a faculdade que eu comecei em setembro. O curso de Física que trouxe amizades e uma paixonite estranha. Mas devo comentar dos dias que passei com a Carolina. Antes do aniversário dela, teve o café-da-manhã do ex-alunos no Sagrado, onde estudávamos no ano passado. Nós conversamos durante toda a manhã e chegou a hora de nos despedir, e fui levá-la ao ponto de ônibus e ficamos conversando por um tempo e eu não parava de pensar no quanto eu precisava dela comigo. Saímos num outro dia eu fui à faculdade dela para assistir uma aula. Eu levei um cartão dizendo que gostava dela. Reafirmando a ela que eu a amava. Foi aí que ela me disse, que isso seria impossível e que para ela um relacionamento desses era impraticável. Eu ainda não entendo porque eu a amo desse jeito. Por fim nos encontramos uma última vez agora em dezembro para assistir ao último espetáculo da Orquestra Sinfônica, mas como todos os outros encontros, foi um fracasso por minha parte. E por sorte que eu paro de falar sobre ela aqui. O Thigo também foi nesse ano, e que bom, um assunto recorrente na minha cabeça. E com a faculdade dele nos veio novos amigos, o Vítor, o Cassiano, o André e mais um tanto de gente. Foi, de fato, um ano excelente em questão de novas amizades e reafirmação das antigas. Eu, pode ser até por querer, deixei de falar com muitas pessoas. Porém minhas grandes e verdadeiras amizades, o Thiago e o Vítor Rigotti, se enraizaram de maneira que, acredito e espero que não acabem jamais. É claro que um ano não é feito só de coisas boas para mim, como essa retrospectiva tem-se mostrado. Um ano, e com certeza até a vida tem mais baixos do que altos, digo-lhes isso apenas pelo fato de que a tendência das coisas é sempre se agravar ou piorar. Acredito que uma das coisas mais graves que cometi esse ano foi um relacionamento que eu deixei passar, por puro egoísmo e mesquinharia. Mas não se apressem, deixe-me contar-lhes. No vestibular da UFPR, na qual hoje estudo, eu conheci uma bela jovem que se chama Fernanda, trocamos nossos endereços eletrônicos (famosos msn’s) e nunca mais nos vimos. Depois de uns bons cinco ou seis meses eu comecei a conversar com ela e aí surgiu um pequeno traço, uma fagulha de uma paixão. Conversávamos o dia todo e eu me sentia mal quando ela não aparecia. Ela era um alívio, uma mão que me aguentava enquanto eu trabalhava e deixava este bem menos cansativo e desnecessário. Eu me convenci que ela tinha tomado a minha mente e tinha conseguido livrar as memórias do meu sentimento (mesmo que adormecido) da Carolina. E ela tinha uma ótima notícia para mim. Ela vinha pra Curitiba (ela é de Foz do Iguaçu) para passar uma semana aqui. Eu fiquei anciosíssimo com essa novidade e nós fizemos planos para aproveitar todo o tempo que ela dispunha aqui na Capital. Foi a partir deste momento que eu senti, porém posso estar enganado, de que ela também gostava de mim, e fazia tempo que eu não sentia isso no meu peito. Alguns problemas diversos aconteceram e ela adiou a viagem até que ela finalmente a cancelou. Ela ficou, pelo que me pareceu depois de algumas relidas nas nossas conversas, meio chateada com essa situação, mas eu não… eu levei aquilo como uma desistência, e, como um idiota, parei de falar com ela. Ela não quis vir atrás de mim e eu raramente falo com ela. Hoje percebo quão ridículo, quão egoísta e idiota eu fui e que não era uma viagem ou outra que me faria desistir dela, assim como aconteceu. A única viagem que eu acabei por fazer foi pra Maringá para ver meu amigo Rigottoni. E foi uma das, se não a melhor, viagem que eu já havia, quiça irei fazer. Foi no feriado da proclamação da República. Chagando lá fui recebido com um abraço apertado do Vítor, um beijo carinhoso da Tia Vera e um pão com queijo e mortadela. Foi um dos melhores momentos que eu passei. Toda a família dele foi muito, muito hospitaleira e queriam sempre o meu conforto e prazer de estar lá. Conheci a cidade e o Matsunaga Man (vulgo Lucas), amigo do Vítor de lá. Por fim, os meus dias acabaram e eu tive de voltar solitário e desolado num ônibus rosa em direção ao primeiro planalto paranaense. Foi uma sensação que eu não consigo descrever em palavras, eu nunca me senti tão triste e tão frustrado pelo fato de que eu sabia que, chegando em casa, ela estaria fria, sem o calor humano que eu havia sentido, e me contagiado, na casa dos Rigotti. Eu queria parar em cada retorno que eu encontrei na estrada e voltar, nem que fosse a pé, para Maringá. E eu não estava enganado sobre a minha chegada em Curitiba. Eu senti o desgosto da minha presença no ar. Mas deixemos de falar de coisas ruins. Uma das coisas que mais me deixaram pra cima nesse ano que foi tão “depreciativo” foi eu ter conhecido a Caroline, uma colega minha que voltava comigo da faculdade. Mas sobre ela eu ainda não tenho opinião formada. O ano foi mais ou menos assim, com altos e baixos constantes e com uma promessa de 2012 melhor.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Meu melhor amigo

Ultimamente só o meu videogame tem me entendido, só ele tem me apoiado e ficando do meu lado quase que incondicionalmente. Eu tinha me acostumado a essa idéia de tê-lo a qualquer momento, de poder usufruir de sua paciência em me entreter e, em alguns momentos, até me ouvir.
Mas veio o baque. Como todos nós, ele também tem seus problemas, mas eu fui egoísta e não quis ajudá-lo, não quis ouví-lo quando ele sempre o fazia. Num ponto crrítico ele sucumbiu. Aguentou até o último momento para se recuperar e continuar a me ajudar. Não foi o suficiente. Ele não suportou a dor máxima que o fatigava sem perdão. E eu, desesperado, clamei por ajuda, gritei para ele voltar. Não houve resposta. Apenas uma carta de despedida que dizia: "Erro E-64."
Aquilo me atingiu de tal forma que eu me senti culpado, sujo... Mostrou-me quão ruim eu era, quão hipócrita eu fui com ele. Imaginei como eu me sentiria se aquilo acontecesse com um de meus amigos, mas até aí eu fui mesquinho, fui nojento. Pois o melhor deles estava logo ali na minha frente. E eu já não podia fazer mais nada.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Budista, Alcoólatra e de Direita.

Certa vez, um amigo meu me chamou de Kerouac. E disse que mais velho eu o chamaria de "Ateu comunista". E foi com esse pequeno discurso que eu me inspirei pra fazer panquecas de massa de queijo e começar esse texto.

Acordei assustado, aquelas palavras há muito tempo ditas, eu olhei no despertador mas ainda faltava um tempo pra ele tocar. Senti na cama e fiquei pensando, mas meu pensamento é muitíssimo disperso, e me deparei pensando no trabalho quando o despertador tocou aquele sample rotineiro. Eu passei a mão no rosto e levantei. Fui ao banheiro lavar o rosto e o espelho mostrava-me de forma muito diferente ao que me lembrava. Eu olhei intrigado para o meu reflexo, ele me olhou de volta com aquele rosto velho, barba a fazer e parecia que me dizia  que eu nunca tinha mudado, que eu era daquela forma quase que grotesca.

Desisti de discutir comigo mesmo e fui à cozinha para beber algo. A cafeteira soltava vapor e um aroma de café que foi me acordando aos poucos. Tomei um gole, seco, sem açucar nem nada. O baque foi instantâneo e me fez tentar mudar aquela situação. Fiz a barba e saí para cortar o cabelo. Liguei para o trabalho no caminho, dizendo que eu não poderia ir naquele dia. Olhei para frente e não havia mais tempo. Eu nunca mais voltaria pro trabalho, ou mesmo cortaria o cabelo. Eu, naquele momento, era apenas um budista, alcoólata e de direita.

Nenhum amor será igual ao seu

Você,
Que me deixou assim.
Perdido nesse triste fim

Talvez,
Se você me deixar, mostrar,
Que nem tudo foi como a gente quis.

E que o mundo,
Me perdoaria por tentar, desmanchar,
O que de mais bonito, eu tive pra te amar.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Realidade

Nos conhecíamos havia muito tempo
O Amor que eu hoje vivencio
Surgiu de súbito em meu pensamento

E por muito tempo esse amor,
Meu invento, minha dor,
Foi me maltratando, me desgastando,
Me reinventando, me mudando.
Por fim.

Se transformou em realidade
Um sonho que se cumprira
Que deixou-me em tal perplexidade
Que eu até achei que fosse uma mentira

Mas não. Você era finalmente...
Minha.