domingo, 29 de abril de 2012

Humor por um dia

Evaldo caminhava pra casa, era perto da meia-noite. O frio o acompanhava, mas não o incomodava. Ouvia incessantemente as fitas-cassete que havia encontrado, mas nenhuma delas o confortava de certa forma. Ou eram alegres demais, os tristes demais. Chegou em casa depois de mais um dia cansativo, mais um dia que depois de uma certa análise, tinha sido por completo inútil. Largou o Walkman na cama, e tomou um banho. Refletiu, chegou a conclusão que tudo estava errado, de uma forma quase irrecuperável. Também lembrou de uma frase de Buda: "Jamais devemos ser radicais, nem quanto à essa decisão." Poderia então haver uma solução, mesmo que drástica, ou mínima demais para vermos, que solucionasse essa quantidade de coisas erradas que vemos por aí. Saiu do banho, vestiu-se e pôs-se a preparar um café. Sentiu o gosto forte invadir sua boca e despertá-lo de uma ilusão que vivia, que todos vivemos. Olhava pela janela, vendo as pessoas passando pela rua, e cada uma com seus mesmos problemas, às vezes, se metendo nos dos outros. Mas a vida é assim mesmo, pensou ele. Não haveria porque se preocupar.


Olhou para o celular que começou a apitar, e era uma mensagem de Cecília. Foi uma surpresa, a mensagem era tal: "Continuava a questionar os fatos, quando ele já tentava fazer falar os acontecimentos. Os fatos se repetem. (Sartre)" Evaldo sorriu para a tela. Cecília era o tipo de garota que o fazia bem, nos melhores momentos. Vai ver era aquele sorriso cativante, ou sua capacidade intelectual que eram espantosas. Não sabia o que, mas sabia que o deixava melhor. E por alguns instantes se pegou pensando nela, nos momentos legais que passara com ela, nas longas conversas existenciais. O café ia esfriando enquanto Evaldo esfriava a cabeça de pensamentos. Esquecia aos poucos o mundo, e tudo, e todo mundo. Sentou à beira da cama, mordiscava algumas bolachas, e o tempo ia passando cada vez mais devagar, as palpebras caíam, e Evaldo dormiu, pensando no sorriso de Cecília, ou mesmo nos tantos problemas que antes tanto criticou, e que agora eram apenas coisas que ele aceitava humoradamente, ou não, mas aceitava. O walkman jazia ao lado, ainda tocando as músicas apenas pelo fone. 

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