domingo, 15 de abril de 2012

Grito aos Ventos

Sentado de pernas cruzadas na sacada suja do quarto, Evaldo estava a ponto de gritar. A ponto de jogar tudo pra cima, pegar todo seu dinheiro e fugir dali. Fugir pra bem longe, e pra nunca mais voltar. Os pensamentos em Carolina, Laura, Cecilia e Ada se degladiavam em sua cabeça e ele não aguentava mais. Queria poder correr aos braços de Laura, a quem ele amava. Ou aos braços de Carolina, que o entendia. Evaldo não sabia mais a quem recorrer, nem a quem gritar. Gritar aos ventos ele pensou, mas nem isso mais fazia sentido, nada mais fazia sentido. Evaldo deixara de ser ele mesmo, sentia que estava completamente mudado. E não se acostumava com esse novo "ele". As rotinas o prendiam, e nada mais era novo, nada passava sem ser completamente previsível. Quem sabe fosse a maturidade de Laura, ou a igualdade com Carolina, o silêncio de Cecilia ou a explosividade de Ada que o trariam de volta. Isso ninguém saberia dizer.

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