quarta-feira, 14 de março de 2012

Dose de inutilidade diária

Evaldo estava no emprego, a tradicional xícara de café ao seu lado. Estava com a cabeça cheia e decidiu abrir o navegador de Internet. O conceito de Internet sempre lhe foi meio abstrato, quase que metafísico. Ele imaginava um mundo virtual de dados e servidores como portas para esse mundo, que na realidade não passavam de grandes computadores, e a conexão com eles vinha com um cabinho miserável. A grandiosidade da Internet perdeu espaço na cabeça de Evaldo. Ele abriu uma rede social que ele já não abria a certo tempo. As 95 notificações fizeram ele quase pular da cadeira, não obstante, a velocidade em que novas publicações surgiam era quase alarmante. Publicação era um nome interessante, pensou Evaldo. Publicações pra ele eram periódicos, jornais, artigos de revistas científicas. Não imagens com mensagem bonitas, mas sem conteúdo. Depois de alguns minutos observando o comportamento das pessoas, ela já não conseguia saber se aquelas pessoas diferenciavam a vida virtual da real. Toda a rotina, todo o desânimo da vida real apareciam nas "publicações", mas com uma esperança natimorta. Ele percebeu a tendência das pessoas se refugiarem nas telas de seus computadores, pra viver a mesma, ou muito parecida vida que levariam no mundo. A partir daí o café tinha acabado, e sua dose de inutilidade diária também. Fechou o navegador e colocou-se a trabalhar. O mundo é muito grande para se ter tudo a sua mão em segundos.
 

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