domingo, 6 de maio de 2012

Sem Fôlego

O Sol brilhava por entre as ruas do Centro Histórico de Curitiba, Evaldo estava dentro do ônibus a caminho do trabalho quando avistou, pela janela suja, uma moça num carro, que batia as cinzas de seu cigarro na rua e tragava mais uma vez o seu fumo de marca. A fumaça ia invadindo o pulmão dela assim como as frequências selecionadas entravam no ouvido pelo pequeno fone. Dava pra perceber que o homem no carro falava com ela, mas ela não escutava. E de repente, a vida simplesmente virou a esquina. O Sol, outrora tão brilhante, sumiu. E a moça de fones-de-ouvido e cigarro nunca mais apareceu. As pessoas deixam marcas, às vezes, e outros se vão, como a moça do cigarro e fones-de-ouvido. Evaldo chegou na escola em que trabalhava pra mais um daqueles dias metódicos e que se passavam numa velocidade assustadoramente lenta. Tentava, em vão ensinar algo àqueles poucos alunos que ainda se importavam. O dia acabou, e tristemente Evaldo ia pra casa, as fitas do walkman surrado já não tinham mais a mesma graça. Os bons cafés que tomava eram cada vez mais insossos. Não havia mais o calor que antes o motivava. Os problemas dele, e de outas pessoas o invadiam sem pedir licença, numa frequência que alarmava Evaldo. Pôs a chave na fechadura para mais uma daquelas noites em claro, à base de café e de vários textos ruins saindo pela máquina de escrever.

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