quinta-feira, 27 de junho de 2013

Se eu morrer antes de acordar

Henry Spaatz era um rapaz jovem, de aparência não muito diferente dos demais. Ele estava sentado ao saguão do Aeroporto Idlewild em Nova York, era um domingo frio, 25 de Janeiro de 1931. Henry estava lendo um artigo sobre aviação no The New York Times, e pessoalmente, achava suicídio a tentativa de fazer um voô de Roma até Nova York. Ele havia tirado seu brevet para aviação comercial havia pouco, e como eram poucos os pilotos na época ele conseguiu um emprego na recém fundada United Aircraft and Transport Corporation. Iria como co-piloto numa viagem até São Francisco e ele estava um pouco nervoso, pois seria sua primeira viagem pela companhia.
Levantou-se e foi até uma cafeteria próxima, comprou um maço de cigarros e um café. Estava absorto em pensamentos quando uma jovem moça sentou ao seu lado no balcão. Usava um vestido negro, maquiagem sob olhos. Seu cabelo era castanho claro e curto, os olhos verdes. Ela tinha um ar apressado, porém preocupado. Ela tomou um café e saiu para fazer check-in. Henry continuava lá, terminou seu café, fumou dois ou três cigarros e terminou de ler seu jornal. Foi à sala da United, seus novos colegas estavam terminando de se preparar. Era uma viagem complicada, com duas escalas em Chicago e Salt Lake City. Decidiu por fim, ir ao hangar onde o avião fora taxeado para verificar alguns últimos detalhes com os mecânicos. Olhou uma segunda vez para a fila de check-in, mas não viu a moça dos olhos verdes.
O avião, um Boeing 80A, era o novo modelo que a United estava utilizando, possuia dois Pilotos e um assistente e tinha capacidade de levar até 18 passageiros.
O Avião já estava carregado e os passageiros já haviam sido chamados para o embarque. Henry recepcionava os passageiros que subiam ao avião. De longe ele viu a moça da cafeteria, seguindo em passos apressados com uma mala pequena. Ele voltou a cabine, esperou todos os passageiros se acomodarem e saiu para dar as ultimas instruções. Ele a viu sentada numa janela perto da asa do avião. Ela olhou pra ele, sorriu e voltou a ler seu livro. O olhar claro dela parecia querer escapar de tudo aquilo e, talvez, voar fosse a maneira mais fácil de se sentir livre.

2 comentários:

  1. "O olhar claro dela parecia querer escapar de tudo aquilo e ser livre."

    que lindeza

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    1. Obrigado Lorena, fazia tempos que não recebia comentários por aqui.

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