sábado, 21 de junho de 2014

Mixed Feelings, Pt. I

Miami, 1986

Lá fora a chuva açoitava as janelas dos carros, o vento balançava as palmeiras e os trovões assustavam as crianças que olhavam a tempestade pelas janelas de suas casas. Mas aqui dentro não se ouvia nada. O som ensurdecedor do Clube Malibu era impressionante e as dezenas de pessoas que dançavam na pista pareciam não se envolver com nenhum problema. Como sempre, eu estava sentado no bar com um copo de Jack Daniel's na mão e contemplando a pista de dança lotada.

Mas não era nos problemas em casa, nem nos problemas no trabalho que residia minha mente. Era naquela moça que dançava sozinha num dos cantos. E nas vãs promessas. Bebi mais um gole do whiskey que desceu rasgando tal como a verdade que me assombrava a semanas a fio. Era simplesmente terrível pensar que tudo aquilo que fora dito com tanta sinceridade, não, sinceridade não é a palavra. Tudo aquilo que fora dito com tanta inocência foi tão fácilmente substituído. Agora sim. Bebi mais um gole e forcei os olhos fechados enquanto a bebida fazia o seu estrago.

Não precisava ser nenhum Sherlock Holmes para entender o que tinha acontecido durante aquela semana: Não era pra acontecer. Terminei a dose e larguei o copo junto com uma nota de cinco dólares em cima do balcão, e sai em direção da saída. Devo ter esbarrado no ombro dela no caminho, com a promessa de nunca deixá-la sozinha numa pista de dança na cabeça.

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