Miami, 1986
Embora chuva me tivesse feito pensar duas ou três vezes antes de sair de casa, era mais do que necessário. Eu tinha que colocar as minhas ideias e problemas em ordem. Não que o Malibu fosse o melhor lugar pra isso, mas era onde eu não esperava encontrá-lo. O som alto e o número de pessoas, combinados, davam justamente no que ele não gostava numa noite. Era engraçado, no entanto, pensar quantas pessoas estavam ali com o mesmo intuito que eu. De querer resolver a vida.
Mas no meu caso não era fácil. Nunca quis parecer nada, por mais que os ânimos se exaltassem de vez em vez. Não era minha culpa, não mesmo. Era o fato dele ter sempre sido tão querido comigo, quando eu precisava. Eu não sei se eu cheguei a precisar dele. Não queria lembrar de tudo o que nós falamos. Mas é incrível como as coisas acabam surgindo na nossa mente. Eu tinha medo e ele dizia entender, dizia que também tinha medo.
E só de lembrar disso, eu me lembro que ele prometeu nunca me deixar sozinha numa pista de dança. Eu andei um pouco pela pista de dança e acabei esbarrando numa pessoa indo embora. Enquanto isso, a música ia dizendo: "I've been waiting for someone new, to make me feel alive." Que irônico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário